O aluguel de curta duração é impactado principalmente por dois grandes segmentos da economia: a indústria da viagem e turismo e o mercado imobiliário. Você já parou para pensar melhor nessa relação e como ela influencia o seu Airbnb?
Frequentemente os anfitriões estão focados no que se passa no mercado de viagens e turismo, mas não se atentam às tendências da construção civil e do mercado imobiliário como um todo. Afinal de contas, qual é a relevância dos dados do mercado imobiliário para os seus aluguéis no Airbnb?
Como o mercado imobiliário afeta o aluguel de Airbnb?
Esta relação entre viagem e mercado imobiliário vem se estreitando cada vez mais nos últimos anos, a partir do momento que mais pessoas vem construindo e comprando imóveis com o objetivo específico de alugar no Airbnb. Muitas pessoas abriram os olhos para este tipo de locação como uma forma rentável de investimento.
Além disso, com a proliferação e popularização das plataformas digitais de aluguel de curta duração, esta modalidade de aluguel tornou-se uma excelente alternativa para quem possui casas e apartamentos que não alugam nem vendem em momentos de crise.
Assim sendo, movimentações no estoque de apartamentos disponíveis para venda ou aluguel e variações de valores de venda e de aluguel, causam impacto no número de propriedades anunciadas no Airbnb.
Por que o mercado imobiliário é relevante para o anfitrião?
Vamos resumir então a situação, correndo o risco de até simplificar demais a questão… Pode-se se dizer que a situação da indústria de viagens e turismo influencia a quantidade de hóspedes procurando por acomodações (demanda). Enquanto isso, o mercado imobiliário afeta a quantidade de acomodações anunciadas (oferta).
Portanto, para você que é anfitrião, é importante observar as tendências do mercado imobiliário. Desta forma, você pode se preparar para possíveis expansões e retrações no número de anúncios concorrentes.
Mercado Imobiliário Traduzido para o Airbnb
Qual é a situação do mercado imobiliário neste momento então, levando-se em consideração dados do Índice Fipe Zap para o último trimestre e outras informações de mercado que pesquisamos para você?
2020: 1º Trimestre
O mercado imobiliário vinha em um momento de recuperação e de bastante otimismo nos primeiros meses de 2020, antes da proliferação mundial do coronavírus. Este fato comprovava-se pela forte valorização na bolsa das principais construtoras do país e pelo aumento em 53,2% no volume de unidades residenciais vendidas em São Paulo em fevereiro de 2020 versus fevereiro de 2019 (fonte: Secovi/SP).
Segundo o índice FipeZap para janeiro a março de 2020, porém, os preços de venda mantiveram-se estáveis quando comparados com a inflação, apresentando inclusive uma leve queda de 0,08%. No acumulado dos últimos 12 meses, o valor dos imóveis subiu 3,34% porém ficou 2,99% abaixo da inflação.
Já os valores de aluguel subiram 1,89% ficando 0,53% acima da inflação (índice IPCA/IBGE). Alguns mercados como Curitiba e Florianópolis, apresentam alta acumulada acima de 13% para os últimos 12 meses no valor do aluguel.
A rentabilidade média do aluguel versus os preços de venda dos imóveis no Brasil ficou em 4,81% ao ano para os últimos 12 meses. Nada super espetacular, mas razoável quando comparado com outros investimentos de baixo risco (poupança, renda fixa).
Os valores contratados em financiamentos habitacionais de janeiro 2020 subiu em R$2,59 milhões quando comparados com janeiro de 2019, um aumento de 31,2% para o mês em questão (Fonte: CBIC – Boletim Estatístico). Um reflexo, sem dúvidas, da redução recorde das taxas de juros e da retomada das atividades econômicas no país. Ou seja, as vendas estavam acelerando.
Opinião dos Anfitriões de Aluguel
Apesar do otimismo que começava a tomar conta do mercado imobiliário antes da pandemia de COVID-19, os números ainda se mostravam relativamente mornos para o mercado. Dito isto, o cenário era bastante favorável e justificava esse otimismo.
Porém, com a chegada da pandemia do coronavírus e a freada brusca de todos os setores da economia, neste momento a incerteza é a única certeza que temos para nos apoiar. Em momentos como esse, as pessoas tendem a cortar custos, pausar planos futuros e evitar grandes investimentos.
A tendência é que nas próximas semanas e meses as pessoas deixem de fazer grandes compras. Mudanças permanentes de residência também parecem ser improváveis, a não ser que fosse uma mudança já planejada antes do período de isolamento. Com isso, é de se esperar pouca movimentação no mercado imobiliário para o segundo trimestre do ano.
Este fator, aliado com a queda de renda de grande parte da população, mais o aumento na procura de estadias longas no Airbnb e outras plataformas, pode levar mais proprietários em dificuldades financeiras a enxergarem o aluguel de curta duração como uma alternativa para gerar renda durante a crise.
Por outro lado, muitos condomínios tem imposto restrições e até proibições temporárias ao aluguel de curta duração, por causa do COVID-19. Assim sendo, o movimento que temos percebido neste momento, é um movimento maior no Airbnb para o aluguel de casas e conjuntos de apartamentos de um único dono.
Dependendo da profundidade do impacto da pandemia na consciência das pessoas e por quanto tempo as restrições ao aluguel de curta duração perdurarem, pode-se vislumbrar que investidores imobiliários direcionem sua atenção a imóveis não atrelados ao controle de condomínios.
Resumindo: a nossa opinião é de que haja aumento no número de propriedades em aluguel de curta duração, devido a dificuldade nas vendas e na locação tradicional, com preferência para propriedades não atreladas a condomínios.
Isso causará uma certa mudança de perfil nas acomodações disponíveis e pode contrabalancear a retração de oferta no Airbnb causada por restrições ao aluguel de curta duração impostas por condomínios e autoridades locais.
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